sábado, 3 de dezembro de 2011

O SER E O NADA

São pequenos sopros.
Pequenos sopros por onde jorram sonhos, esperanças, e desesperos passados.
São sopros cuidadosamente elaborados pelos meus fantasmas, fantasmas que me seguem por onde eu for.
Eles fitam-me com grandes olhos cor de nada, transparentes, vazios.
Para que serve viver se vivo assombrada?
 Assombrada pelas vozes que vivem na minha consciência. De que serve a vida se não sou digna dela?
De que serve eu continuar se sou nada, apenas um grande saco furado por pequenos sopros de cinzento?
Ninguém consegue ver estes fantasmas.
Nem mesmo eu.
Sinto-os a devorarem-me por dentro como se eu fosse um cadáver no deserto a ser devorado por abutres.
Vazia.
Cheia de nada.
Pelo meu rosto transparecem apenas os espíritos que no meu corpo habitam, a toda a hora.
Não peço nada senão ser eu própria.
Não peço nada senão encontrar a minha alma.
Não peço nada senão alguém que

Catarina Branco, 10º ano, Dezembro 2011

A INCÓGNITA DO FUTURO

Se eu acredito em algum modo de prever o futuro? A esta pergunta posso responder que sim, que acredito. Mas também posso dizer que não, que tenho dúvidas, que não sei.
Pessoalmente, nunca recorri a nenhum meio de previsão do futuro mas conheço pessoas que já o fizeram e garantem que é tudo verdade. Já pensei em experimentar e ir ver como é. Contudo, na verdade, acho que não gostaria de conhecer o meu futuro.
Agora, estou a viver o presente e ainda não esqueci o passado. Para que quero pensar já no futuro? Será que as pessoas querem conhecer o futuro para saberem como se vive o presente? Parece-me que a vida não deve ser vivida assim! A vida está cheia de surpresas! Se todas as pessoas conseguissem ver o amanhã, a vida deixava de ter tanta piada!
Há coisas em que eu acredito e há muitas coisas sobre as quais tenho dúvidas. Há pessoas que acreditam em Deus e lêem a Bíblia. Eu não. Eu acredito na música e meto a rádio mais alta. Há pessoas que dizem: “Sem Deus não somos nada.” Eu não. Eu digo: “Sem música não sou nada.”
Será que vale a pena conhecer antecipadamente o futuro?  
Keeley Hood, 7ºD – PLNM, Dezembro 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

A Mãe

Trabalho participante no Concurso “ORA FAÇA LÁ UM POEMA!”

As mães são como flores maravilhosas.
As mães são como flores cheias de cores.
As mães são como o sol em Agosto.
As mães são como os frutos com gosto.
As mães são como o mar a brilhar.
A minha mãe é a minha vida e o meu aconchego.
A minha mãe é o meu abrigo.
A minha mãe é um ninho onde me aqueço.

Carina Alexandra Carvalho Vaz, 5ºD

O Primeiro Amor de Jacinto

Participação no concurso “Quem Conta um Conto…”
A partir da adaptação do romance “A Cidade e as Serras” de Eça de Queirós

        Um  dia, Jacinto, Príncipe  de  Grã-Ventura passeava  no parque,   quando  viu  uma bela rapariga a passar à sua frente. Quando olhou  para  ela, ela  automaticamente, olhou  para  ele. Ficaram,   então,   os  dois corados.   Como  Jacinto  era  um  homem  corajoso,   perguntou:
— Deseja tomar um café comigo? — enquanto dizia  estas  palavras,  fazia-lhe  uma  vénia.
— Oh,   sim,   claro,   muito  obrigada! — concordou  ela,  muito  corada.  Quando  chegaram  ao  café,   Jacinto inquiriu:
— Já  agora...  como é  que  a menina  se  chama?
— Chamo-me  Maria.  e  o  senhor?
— Sou o  Jacinto,  o  Príncipe de Grã-Ventura.
— Príncipe!? Uau! —  exclamou  a  Maria.
— Maria, a menina  tem  qualquer  coisa... não consigo  tirar  os  meus  olhos  de si!... — elogiou  Jacinto.
— E o senhor!... — suspirou  Maria. 
 Enquanto  isto  acontecia,   começaram a aproximar  a  cara  um  do  outro! Estavam cada vez mais perto... mais  perto...  mais  perto... até que começaram a beijar-se!  Quando  acabaram,  Jacinto  desculpou-se:
 — Oh!  Desculpe,  a  culpa  foi  minha!
 — A  culpa  de  quê? — perguntou  Maria, perturbada…
 Então,   da  boca  de  Jacinto  saíram  estas  palavras:
 — Maria, quer  namorar  comigo?
 — Oh, claro que sim!   É um homem muito simpático e tão belo...!
Passados  dez  meses  de  namoro,   casaram  e  foram  viver  para  Grã-Ventura. Tiveram um filho,  o  herdeiro,  ao  qual  deram  o nome  de  Miguel.
Miguel Cepoi, 5º C

sábado, 14 de maio de 2011

O que é importante na escolha de um Governo ou de um Presidente

Medalha de prata para São Martinho do Porto
    Os alunos Laura Pereira, Pedro Marques, Bruna Santos e Joana Alves, participaram na final distrital do Concurso «Entre Palavras», no dia 4 de Maio, em Leiria, tendo alcançado o 2º lugar, em conjunto com a Escola de Maceira Liz. Nos dois debates em que intervieram, os alunos mostraram alegria e entusiasmo, tendo exposto as suas ideias com convicção. Todos reconheceram a importância deste tipo de concursos, uma vez que estimulam o confronto de opiniões, a pesquisa de informação e fomentam a consciência cívica. Nesta actividade colaboraram as professoras Ana Paula Costa e Alda Almeida.







Estas são as ideias com que os alunos foram seleccionados para a final distrital.
Durante quarenta e um anos (1933-1974), o Povo Português assistiu a uma forma de governo rígida, onde não havia liberdade. Todos se sentiam indignados, pois a ditadura consistia num regime de censura, onde o povo não tinha opção de escolha senão obedecer ao Ditador. A Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) impedia que o povo se expressasse em relação ao descontentamento pelo sistema político adoptado, o que levou à revolta de alguns portugueses que, sem medo, enfrentaram Salazar. O povo pretendia instaurar a democracia de novo em Portugal! Após estes factos, surge a 25 de Abril de 1974 a Revolução Dos Cravos, que finalmente presenteia todo o Povo Português com o direito de Liberdade.
     Hoje em dia, vivemos no sistema político que tantos portugueses desejaram durante anos, e o que podemos constatar é que a população se sente indignada perante a situação que o país atravessa, tanto a nível social, como político e económico. Todos bem sabemos que o país atravessa uma crise económica como não se observava há muito, mas a democracia em Portugal não cumpre os seus deveres enquanto forma de representação do povo na presença de um governo. Devido a tais factos, Portugal encontra-se à beira de uma Crise Política que poderá agravar a situação do país.
     Um exemplo recente do descontentamento dos portugueses é sem dúvida o nível de abstenção nas presidenciais que decorreram a 23 de Janeiro de 2011. O nível de abstenção atingiu os 53,37% num total de 9,6 milhões de eleitores. Este valor é sem dúvida preocupante, mas na verdade, é tão importante a causa como o valor atingido. Como foi acima referido num pequeno resumo da Ditadura de Salazar em Portugal e a revolução que uniu todo o povo Português numa só causa, é de salientar que os actuais eleitores não estão a respeitar e a beneficiar do árduo trabalho que a população portuguesa exerceu ao longo de quatro décadas para instaurar a democracia em Portugal após o Estado Novo.
     Os portugueses, na sua maioria, aborreceram-se das “excelentes” propostas que os partidos apresentavam nas suas candidaturas, pois quando chegavam ao poder não as cumpriam. Isso levou à elevada taxa de abstenção nas últimas presidenciais, não sendo a melhor forma de demonstrar o desagrado dos eleitores.
Todos os cidadãos com idade de exercer o seu direito de voto devem ter consciência de que, ao elegerem um presidente e um governo, estão a depositar confiança em líderes cuja função é regular o país, ajudá-lo a superar as suas dificuldades e promover o progresso. Partindo destes pressupostos, os eleitores não devem nunca deixar de exercer o seu direito de voto, pois só assim é possível escolher os seus representantes e o sistema político do país.
Mesmo que nenhum candidato se adeqúe ao perfil pretendido pelo eleitor e aos seus ideais políticos, este deverá, nesse caso, votar em branco, demonstrando o seu descontentamento.
Urge ter a consciência de que o Presidente da República é o Chefe do Estado, a sua pessoa representa todos os portugueses e a República Portuguesa. As suas incumbências consistem em garantir a independência nacional, promover a unidade do Estado e regularizar o funcionamento das instituições democráticas. Para além disso, é também o Comandante Supremo das Forças Armadas.
O Presidente da República deve ser o primeiro a dar o seu exemplo como cidadão, ao «defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa».
No que concerne ao governo, este possuí funções políticas, legislativas e administrativas. Desta forma, espera-se que o governo negocie com outros Estados e/ou organizações internacionais, apresente propostas de leis à Assembleia da República, pesquise sobre os problemas reais do país e tome decisões. O governo deve assegurar-se de que as leis são cumpridas, o dinheiro público é empregue para o bem comum e as decisões são aferidas em democracia.
Por todas estas razões, se nos abstivermos, estamos a auto-excluir-nos da participação política activa, uma vez que permitimos que outros tenham a oportunidade de escolher os nossos representantes sem expressarmos a nossa opinião.
Abstendo-se, o eleitor perde o direito moral de protestar contra a situação do seu país, bem como insurgir-se contra os seus representantes, pois não contribui para uma escolha consciente.
No caso de a abstenção ser um meio de protesto, dever-se-á ter em consideração a luta dos nossos antecessores por esse direito.
De facto, apenas com a Revolução de Abril, o voto se passou a considerar universal, quer isto dizer que todos os cidadãos maiores de 18 anos adquiriram o seu direito de voto. Anteriormente, durante a ditadura, este direito dependia do grau de instrução e de rendimentos dos cidadãos eleitores. Assim sendo, torna-se fácil perceber que poucos tinham a possibilidade de expressar a sua opinião através do voto.
Após a Implantação da República, em 1910, o direito de voto difundiu-se a todos os cidadãos, tornando irrelevantes os seus rendimentos e escolaridade. Apesar da evolução dada, continuaram a excluir as mulheres do processo político.
Em 1918, todos os portugueses do sexo masculino tiveram a possibilidade de participar na eleição parlamentar. Ainda assim, o género feminino continuou discriminado e proibido de votar, apesar das promessas anteriores de que isso se iria reverter com a República.
Mais tarde, em 1931, o regime fascista alargou o voto às mulheres, mas apenas às que estivessem diplomadas e possuíssem cursos superiores ou secundários, o que representava um número bastante reduzido. Aos homens, era-lhes apenas exigido que soubessem ler e escrever.
Dois anos mais tarde, formulou-se a Nova Constituição Política do Estado Novo que estabelecia a igualdade dos cidadãos perante a lei. "Salvas, quanto à mulher, as diferenças resultantes da sua natureza e do bem da família" (Art.º 5.º).
Durante a ditadura, para além da manipulação dos actos eleitorais, verificou-se ainda que inúmeros cidadãos eleitores eram impossibilitados de votar, nomeadamente todos aqueles sobre quem pesasse a suspeita de participação em alegadas “acções subversivas” contra o regime salazarista e marcelista.
Na actualidade, compete-nos saber tirar partido dos direitos que adquirimos, nunca deixando de exercer o nosso direito de voto, acabando este por ser também um dever.
Apesar de tudo, não devemos apenas criticar os partidos políticos, mas também compreender que a situação do país não permite melhorar imediatamente a nível económico, já a nível social e político está nas nossas mãos contribuir para o progresso. Já provámos que juntos conseguimos fazê-lo. No dia 25 de Abril de 1974 melhorámos, sem dúvida, o nosso país.
Um cidadão, para votar, necessita de conhecer a constituição, assim como ter uma noção do que é a política, a democracia e qual a situação em que se encontra o nosso país.
Muitos dos jovens, não se interessam pela política. Na sua opinião “a política é uma seca”, mas não, a juventude deve compreender que é nos jovens que está o futuro do país onde nasceram e, supostamente, onde acabarão por morrer. É importante que no dia-a-dia dos jovens surjam situações relacionadas com o meio político, é nisso que o país tem de investir. A maior parte dos jovens, quando atingem a maioridade não sabem em quem irão votar, votam apenas para exercer o seu direito. Isto demonstra que o actual sistema político afasta principalmente a população juvenil do direito de voto.
Todos conhecemos a designação dada à geração actual, «geração à rasca»... E porquê? Por que razão se encontram tantos jovens qualificados, com licenciaturas, pós-graduações e mestrados, no desemprego? A responsabilidade é de toda a sociedade e também do próprio sistema político. Pode ser este um dos principais factores da desmotivação dos jovens face à política e da sua falta de confiança nos políticos.
Após estas observações podemos constatar que o actual sistema político-partidário, sem dúvida, tem afastado os cidadãos da participação política activa!

Bruna Santos, Laura Pereira,
Pedro Marques e Vítor Castro


segunda-feira, 21 de março de 2011

Comentário sobre um Texto Publicitário

Isto é um folheto que escolhi na Gazeta de Caldas porque ele se destaca de muitos outros neste jornal e também corresponde ao assunto do exercício que devemos fazer sobre anúncios de serviços.
 

N
a página do jornal, o anúncio é apresentado ao fundo e à direita da página. Esta disposição tem importância porque vemos e memorizamos melhor mensagens e imagens situados à direita (seguindo uma técnica de comunicação conhecida  na PNL1)
(1 = Programação neurolinguística)

O
 folheto é distintamente constituído por 3 partes e dá informações sobre os serviços principais que a empresa SPA Auto oferece nos seus
centros de lavagem ecológica de automóveis :
« Limpa – encera – protege »
(As principais palavras-chave sobre a finalidade da empresa)





N
a parte superior à direita vemos o nome da empresa Spa Auto em letras grandes  e o logótipo que o precede.  Este logótipo simboliza a mensagem das palavras-chave. Ele é de cor verde quente como a maior parte do folheto para sugerir a ética ecológica da empresa. Podiam ser gotas (para sublinhar a ideia de limpeza) mas não são gotas de água (é a cor azul ou branca que simboliza água limpa). Aqui a cor verde diz que é um produto ecológico. A forma das gotas sugere também penas (para sublinhar a ideia de protecção).

N
o centro do folheto fica a parte prática da mensagem, com uma forma de apresentação muito clara: a enumeração dos serviços em moldura à esquerda e os preços à direita em letras brancas, sobre um plano de fundo verde-escuro.
O texto  de cor branca representa modernidade e limpeza e a cor verde escura, no fundo, dá uma orientação sensorial em harmonia com a natureza, provocando contraste para sinalizar a particularidade do tipo de lavagem.
Esta empresa quer dizer directamente o que é que ela faz e quanto custa o serviço, sem efeitos espectaculares de cor agressiva.
A disposição diz também: somo sérios, aqui tudo é limpo e seguro.
Então o leitor, consumidor potencial, “pode confiar na empresa...” e quer saber onde é que ela fica...

...ele vai olhar para a parte de baixo onde, à primeira vista, achamos os números de telefone em negrito e sublinhados.




É
nesta parte que vamos também descobrir     elementos técnicos de publicidade em 3 dimensões.....
Com certeza Spa auto é uma empresa com muitas agências e, ao que tudo indica, possui um serviço central de marketing que faz análises do perfil e do comportamento do consumidor tipo.

À esquerda (para indicar sobriedade/modéstia como se apenas pretendesse apresentar uma simetria visual com o bloco central, à direita) Spa auto -

  • Dá uma informação importante sobre o número é a localização das agências em Caldas (primeira dimensão!)

  • Oferece uma vantagem financeira (segunda dimensão com a introdução de um argumento comercial de impacto forte). O preço do serviço, menos o preço de estacionamento, mais longo do que a duração do serviço!

  • Introduz um elo de coesão entre:
    • O público-alvo (as pessoas que vivem nas Caldas, não têm a possibilidade, ou não têm tempo, para limpar o carro mas têm dinheiro suficiente, têm uma vida confortável, têm cuidados de limpeza, de higiene e de utilização de novas tecnologias mais ecológicas, fazem as compras no centro da cidade, ou querem ver espectáculos no CCC,, etc.)
    • A possibilidade de juntar necessidades e desejos de: estacionar, andar devagar, fazer as compras ou visitar uma exposição e depois achar um carro limpo/higienizado pelo preço indicado sem surpresa... a terceira dimensão! Está criado o efeito de atracção e de orientação/sedução dos leitores! Esse efeito é cuidadosamente trabalhado no estilo do texto, de acordo com a tipologia dos consumidores   alvo.
  


O
  asterisco ao lado de “GRÁTIS” leva o leitor a ler as informações à direita sobre os preços habituais de estacionamento.

Finalmente há também duas linhas de texto sobre serviços que necessitam negociar o preço e que dão uma indicação sobre o outro segmento de mercado da empresa que propõe um serviço profissional à lista (à medida). Aqui também vemos que, em cada linha, aparecem exactamente 3 tipos de serviços  = (3 x 2) 6 serviços.

- Preparações para venda / frotas / outsourcing
                       1                         2      3

- Propostas para stand / concessionário / oficina
                                               1                                 2                3


E
ste tipo de empresa existe também na França, na Alemanha...
Todavia, nestes países, elas dão-nos folhetos com mais indicações sobre a empresa (a forma jurídica ou o nome se é uma empresa unipessoal, endereço do sede, etc.).
Amiúde, comunicam também quais os argumentos ecológicos, a aparelhagem, os produtos e indicam, com abreviaturas ou logótipos conhecidos, as normas técnicas que respeitam.
No Inverno, propõem lavagens intensivas da parte de baixo do chassis porque muitas ruas estão cobertas de sal ou de cinza para fazer derreter o gelo.


E
m Portugal, eu só vi o serviço de higienização e perguntei-me: “O que é?” Palavra puxa palavra, fui desenvolvendo o meu trabalho de casa para aprofundar este assunto.
Se querem saber mais, leiam o próximo texto!




HIGIENIZAÇÃO


F
iquei surpreendida porque é um serviço caro (75, -€!!!). Consiste em utilizar produtos desinfectantes para matar microrganismos e mofo dentro dos filtros de ar e dentro o carro, produtos esses que, talvez, não são muito voláteis (aderentes para um efeito mais durável...), que, talvez, impermeabilizam os estofos e as carpetes e que penetram nas zonas de acesso difícil onde os microrganismos proliferam e naquelas onde a humidade provoca a formação de fungos...

E
fectivamente, hoje, muitas pessoas têm alergias, irritações, doenças respiratórias ou da pele. Com certeza já foi demonstrada a possível ligação entre estes problemas e a presença de fungos, de algumas bactérias.... Em seguida as indústrias químicas e farmacêuticas, com o apoio de argumentações de médicos e cientistas, desenvolveram múltiplos produtos, utilizados e vendidos pelos profissionais da saúde humana e animal, usados nas indústrias alimentares, etc. mas também pelos centros de lavagem - e cada vez mais, também - vendidos nos supermercados!

D
ito de outro modo, queria dizer que temos aqui um assunto não tão anódino como parece.

A
s pessoas que utilizam em demasia ou com excessiva desenvoltura produtos desodorizantes para o mau cheiro, desinfectantes para matar bactérias, vírus, fungos, etc., fazem que este processo se torne num círculo infernal. Estas são algumas razões que contribuem para isso :

  • É impossível que um lugar fique, sempre, sem bactérias, etc. Os nossos sapatos estão cheios de bactérias, vírus, etc. As nossas mãos também porque tocamos outras mãos e objectos (maçanetas, corrimões, dinheiro/trocos que utilizamos, teclas de caixas e de máquinas), animais domésticos,... . E (tal como referi sobre a lavagem de carros) os filtros de ar no carro deixam entrar o ar exterior (pó, pólen, bactérias,...).

  • Nem todas as bactérias são más, algumas são úteis. Quando utilizamos produtos que matam quase todas as bactérias, isso pode ser ainda mais perigoso (*) porque se as bactérias úteis, aquelas que o nosso organismo conhece ou outras que ele combate sem dificuldades desaparecem, outras, não habituais, vão apoderar-se do terreno, enquanto o nosso sistema imunitário as não puder combater.

  • Algumas bactérias, fungos e vírus podem mudar e deste modo resistir. É, por exemplo, o problema bem conhecido da utilização demasiada ou falsa de antibióticos que leva à resistência das bactérias. Hoje, temos em mãos um problema muito sério porque não é fácil descobrir novos antibióticos. É uma corrida que talvez não iremos ganhar!

  • Acho também que, muitas vezes, o efeito de produtos desinfectantes e desodorizantes é um efeito de ilusão ; os utilizadores têm um sentimento de segurança provocado pelo perfume agradável sinónimo de limpeza, de natureza, a ideia de um espaço agradável : os laboratórios estudam o efeito de moléculas com especialistas de marketing. Eles oferecem também produtos ditos neutros ou sem aditivos, sem cheiro, etc. destinados às pessoas que têm também problemas com as substâncias usadas para perfumar. Mas alguns produtos desodorizantes só tapam o mau cheiro e um cheiro é constituído por moléculas em suspensão no ar ou fixadas. Tapá-las não vai eliminar as moléculas. Então, é fácil compreender que, por exemplo, alguns produtos não matam as moléculas de nicotina. As pessoas que os utilizam têm boa consciência quando bebés, crianças, pessoas vulneráveis ou outras entram no carro, num quarto ou numa sala cheia de perfume, que tapa as moléculas prejudiciais. É preciso alertar, ganhar uma nova consciência e, talvez,...  mudar de hábitos de vida!



E
m conclusão, sobre o serviço de higienização, acho que pagar 75 € por um efeito efémero é caro, exceptuado se o carro está muito sujo ou se é um veículo que transporte pessoas doentes, animais, produtos alimentares termo-sensíveis e tem de obedecer a regras processionais sobre higiene.  Mas, normalmente, existem alternativas mais baratas para veículos ligeiros privados: limpar, utilizar o aspirador e - se alguns o querem ou precisam - comprar um spray desodorizante no supermercado. É, como em muitas coisas da vida, uma questão de equilíbrio. Não podemos vencer, podemos só ter cuidado para não oferecer possibilidades de invasão perigosa!


(*) = Na Alemanha, cientistas estudaram populações de crianças e observaram que nos grupos de crianças que vivem no campo em contacto com pólen, bactérias de animais, colibacilos... não existem muitas alergias e doenças respiratórias. Em grupos que vivem em cidades, num ambiente “higienizado”, muitas crianças têm alergias, etc. Em consequência, fizeram experiências, descobrindo que muitas crianças da cidade e com alergias, que ficaram algumas semanas em famílias no campo, não tinham mais problemas respiratórios ou de pele..




mcn

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O VELHO SOBREIRO

Alto, ficas de pé, firme e terreal
Olho para ti através da minha janela
Observo-te e descortino a tua vida

Tu já és velho, bem o vejo
O teu tronco tatuado de cicatrizes
Inscritas pelo punho de homens ávidos

És cobiçoso da escura pele que te cobre
Em longos sete anos crias casca e carne
Até chegar o fio do punhal cortante

Opões-te a isto? Não podes falar
No teu silêncio fica um enigma por revelar
Mas eu, eu olho, escuto e amo-te

Que fiques em paz, simplesmente
As tuas folhas para os pássaros
A tua pele para ti mesmo
E a tua beleza toda para mim


Teresa Bell
aluna inglesa no curso nocturno de Português para Estrangeiros

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A VIAGEM

            O povo português sempre teve uma ligação muito forte com o mar.
            Sendo um país com uma costa extensa, os seus habitantes sempre manifestaram curiosidade em saber o que existia para além daquele imenso azul. E foi essa curiosidade que alimentou o desejo de ir à descoberta de novas terras e novas culturas, resultando, daí, a época aura a que chamamos «os Descobrimentos».
            Tal como Roma, que viu a sua origem e História serem reproduzidas por Virgílio, na Eneida, também Portugal sentia a falta de uma obra que lembrasse e fizesse justiça à glória e ao reconhecimento internacional dos tempos passados. E assim surgiu Os Lusíadas, de Camões, a que muitos chamam «a epopeia desejada».
            Mas o tema das viagens não se estende só ao conceito de viajar. Todos nós viajamos, diariamente, para lugares longínquos e até mesmo inexistentes, lugares que existem apenas nas nossas mentes.
            Quando somos crianças, essas «viagens» são ainda mais frequentes e vivas. À medida que vamos crescendo vamos perdendo essa sensação de que haverá mais alguma coisa para além do que vemos e sentimos.
            Contudo, são essas sensações, essas expectativas, esses sentimentos e emoções que nos distinguem dos outros seres vivos, na Terra.
            Assim, estamos vivos e em viagem permanente.

Leonor Castro – 9º C

PORQUE ESCOLHEMOS PORTUGAL PARA A NOSSA REFORMA

            Ficar na reforma é ter oportunidade para um novo começo de vida e começamos a pensar que viver noutro país poderia ser uma experiência humana e cultural muito enriquecedora.
            A primeira vez que viemos a Portugal, visitámos Lisboa e ficámos apaixonados pela cidade. Depois, regressámos e decidimos. Uma imediata sensação de bem-estar e de harmonia convenceu-nos.
            Adaptar-se, perceber a filosofia de vida deste país, faz parte da nossa aprendizagem. Portugal oferece-nos tanto! Sobretudo, a gentileza dos seus habitantes que nos recebem com tanta benevolência, sempre prontos a ajudarem-nos e aconselharem-nos!
            Aqui vão algumas das coisas que temos descoberto:
            - A cozinha e as suas especialidades: peixes, cozidos, sopas e deliciosas sobremesas.
            - A música: o fado que fala de destino e de vida. Quando se escuta bem, sente-se o coração de um Portugal melancólico mas feliz.
            - A natureza deslumbrante: praias lindas e magnificas, paisagens onde podemos fazer passeios pedestres com panorama espectaculares – campos, árvores, rios ...
            - O património muito rico em igrejas, mosteiros, museus, artesanato e os famosos azulejos que contam cenas da vida de ontem. Também as aldeias onde o passado é ainda presente e onde o tempo parou...
            - Cenas da vida real que se parecem com as pinturas: as mulheres da Nazaré que secam o peixe, os pescadores com pequenos barcos, os agricultores e agricultoras sempre com enxada na mão. Um delas disse-me: “assim era toda a minha vida e e estou feliz no campo!”
            Portugal é um contraste permanente entre tradições e modernidade. É, na Europa, o país onde se sente mais e isto faz parte do seu encanto.
            Nós sentimos uma única dificuldade: perceber e falar português para podermos comunicar e aproveitar ainda mais.
            Mas tivemos sorte! Esta região oferece-nos a possibilidade de aprender a língua, frequentando aulas. Isto é formidável e dá-nos vontade de continuar e ser perseverantes!
Para acabar, cito um provérbio português que li na revista Borda d’ Água: “O que ouço, esqueço/ o que vejo, recordo/ o que faço, compreendo”
            Então, a minha conclusão é: FAÇAM, FAÇAM, FAÇAM!
            E, ainda, uma pergunta:
            - O que podemos fazer em troca? Gostaríamos muito de contribuir, à nossa maneira. Alguém tem uma ideia?
 
Mireille Locatelli
aluna francesa do Curso de Português para Estrangeiros, no ensino nocturno