Ficar na reforma é ter oportunidade para um novo começo de vida e começamos a pensar que viver noutro país poderia ser uma experiência humana e cultural muito enriquecedora.
A primeira vez que viemos a Portugal, visitámos Lisboa e ficámos apaixonados pela cidade. Depois, regressámos e decidimos. Uma imediata sensação de bem-estar e de harmonia convenceu-nos.
Adaptar-se, perceber a filosofia de vida deste país, faz parte da nossa aprendizagem. Portugal oferece-nos tanto! Sobretudo, a gentileza dos seus habitantes que nos recebem com tanta benevolência, sempre prontos a ajudarem-nos e aconselharem-nos!
Aqui vão algumas das coisas que temos descoberto:
- A cozinha e as suas especialidades: peixes, cozidos, sopas e deliciosas sobremesas.
- A música: o fado que fala de destino e de vida. Quando se escuta bem, sente-se o coração de um Portugal melancólico mas feliz.
- A natureza deslumbrante: praias lindas e magnificas, paisagens onde podemos fazer passeios pedestres com panorama espectaculares – campos, árvores, rios ...
- O património muito rico em igrejas, mosteiros, museus, artesanato e os famosos azulejos que contam cenas da vida de ontem. Também as aldeias onde o passado é ainda presente e onde o tempo parou...
- Cenas da vida real que se parecem com as pinturas: as mulheres da Nazaré que secam o peixe, os pescadores com pequenos barcos, os agricultores e agricultoras sempre com enxada na mão. Um delas disse-me: “assim era toda a minha vida e e estou feliz no campo!”
Portugal é um contraste permanente entre tradições e modernidade. É, na Europa, o país onde se sente mais e isto faz parte do seu encanto.
Nós sentimos uma única dificuldade: perceber e falar português para podermos comunicar e aproveitar ainda mais.
Mas tivemos sorte! Esta região oferece-nos a possibilidade de aprender a língua, frequentando aulas. Isto é formidável e dá-nos vontade de continuar e ser perseverantes!
Para acabar, cito um provérbio português que li na revista Borda d’ Água: “O que ouço, esqueço/ o que vejo, recordo/ o que faço, compreendo”
Então, a minha conclusão é: FAÇAM, FAÇAM, FAÇAM!
E, ainda, uma pergunta:
- O que podemos fazer em troca? Gostaríamos muito de contribuir, à nossa maneira. Alguém tem uma ideia?
Mireille Locatelli
aluna francesa do Curso de Português para Estrangeiros, no ensino nocturno