Num
dia de sol, à tardinha, já esquecidos pela gente que ali passava, estavam três
amigos a conversar. Sentados na bancada de um café, o Pastel de Nata, os Fios
de Ovos e o Bolo-Mármore, não tinham mais nada para fazer.
–
E o que é que vamos fazer hoje? – interrogaram-se os Fios de Ovos.
–
Pastelar… O que eu faço sempre! – exclamou o Pastel de Nata, encostado a um
prato.
–
Podíamos fazer ginástica! – propuseram os Fios de Ovos, fazendo pinotes e
cambalhotas, com muita agilidade.
O
Bolo-Mármore interrompeu:
–
Já chega, venham comigo! – ordenou – Vamos sair daqui!
Os
três amigos há muito que tentavam sair daquela prateleira, sobretudo o
Bolo-Mármore que queria ter uma vida nova.
–
Mas onde é que vamos? – perguntou o
Pastel de Nata, um pouco preguiçoso.
–
Por acaso sabem o que é a “Árvore dos Desejos”? – questionou o Bolo-Mármore.
–
Não, mas parece ser divertido! – disseram os Fios de Ovos.
Então,
estes começaram a correr à deriva e atiraram-se de prateleira. Com os
empurrões, os outros também caíram.
–
Aaaaahhh! – gritaram em coro.
Depois
da queda todos ficaram aborrecidos com os Fios de Ovos, mas continuaram a
caminhar para a tal “Árvore dos Desejos”. Ninguém sabia o que era, somente o
Bolo-Mármore. Passaram devagar pelo cantinho da porta, sem dar nas vistas.
–
É muito longe? – perguntou o Pastel de Nata, sem vontade de andar.
–
Não, quando se tem uma boleia! – exclamou o Bolo-Mármore rindo.
Então,
o Bolo-Mármore puxou os seus amigos para cima de um skate de um menino que ia em direção ao Grande Jardim.
–
Agarrem-se bem, vai ser uma viagem agitada! – exclamou o Bolo-Mármore.
A
certa altura todos saltaram para a borda do passeio e, mal levantaram a cabeça,
viram a graciosa Árvore dos Desejos.
Os
Fios de Ovos correram até a um raminho pequeno com uma folha na ponta e fizeram
desta um trampolim. Num ápice
chegaram ao topo da árvore. O Bolo-Mármore imitara-os, mas o Pastel de Nata interrompeu:
–
Então e eu?
O
Bolo-Mármore ajudou o seu amigo a subir por cima de si. O Bolo-Mármore correu,
deu um impulso e…
–
Socoooorrrooooo!! – gritou o Pastel de Nata ao saltar.
Depois
do susto, já todos juntos no topo da árvore ouviram uma voz:
–
Olá amigos, sei porque vieram. Quais são os vossos desejos? – perguntou a
árvore dando uma gargalhada.
Fez-se
silêncio, mas ninguém hesitou:
–
Nós queríamos um ginásio! – disseram os Fios de Ovos.
–
Eu queria um sofá!! – pediu o Pastel de Nata lentamente.
–
Eu… eu queria… uma família – concluiu o Bolo-Mármore.
A
árvore estava pensativa, mas depressa respondeu:
–
Bom. Para começar, Fios de Ovos, vocês fazem ginástica em todo o lado, não
precisam de um ginásio. Tu, Pastel de Nata, já fazes de tudo um sofá.
Bolo-Mármore, uma família são aquele que estão sempre ao nosso lado, nos
momentos bons e maus, e tu tem-na.
Todos
compreenderam a mensagem e deram razão à árvore, ela continuou:
–
Vou dar-vos um presente. Podem fazer do meu jardim a vossa casa!
Sem
demora, aceitaram e agradeceram, radiantes.
Os
amigos instalaram-se numa pequena árvore e viveram o resto das suas vidas naquele maravilhoso
jardim, como uma verdadeira família!
Iara Conde Vidal, 5ºD